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02/07/2008
O futuro dos trens de passageiros de longo percurso no Brasil...
Hércules Natal de Oliveira
Qual veiculo gasta mais combustível por km rodado, uma Kombi diesel ou um caminhão pesado? O caminhão pesado, claro. Partindo deste principio, então, mandar uma carga de Penapolis a São Paulo é mais barato se o transporte for feito por uma Kombi, certo? Errado, isso vai depender da tonelagem a ser transportada. Se for para enviar uma única tonelada, a Kombi será mais econômica. Mas para mandar 30 toneladas, o que é melhor, 30 Kombi’s ou um caminhão pesado? É claro que neste caso, o caminhão será mais econômico, pela seguinte razão: a relação carga/consumo é muito mais econômica quando se trata de um caminhão pesado. Em outras palavras: o gasto de diesel por tonelada transportada é muito menor quando usado um veiculo maior. Isso se aplica a navios e trens, que somente são economicamente viáveis em função de grandes quantidades. Foi essa relação que acabou com o transporte ferroviário de longo percurso no Brasil.
Exemplo: sai de uma cidade um trem com 10 carros de passageiros. O número de passageiros diminui pela metade, e os trens passam a ter apenas cinco carros. O custo operacional caiu pela metade? Claro que não, pois com cinco ou dez carros o custo operacional é praticamente o mesmo, inclusive no consumo de combustível, pois só a locomotiva pesa cerca de 120 TONELADAS.
Assim, o trem de longo percurso só se justifica com alto numero de passageiros, mas isso nos moldes do trem como nós o conhecemos no Brasil. O futuro ferroviário de passageiros no Brasil será nos moldes da Europa e de algumas linhas da costa leste dos EUA operadas pela AMtrack: trens adaptados ao numero de passageiros, ou seja, trens menores, com carros - motor e carros reboque, como os TUE’s (trens unidades elétricas) de subúrbio.
Demanda de 180 passagens? Um carro motor com 60 assentos e dois carros reboques com mais 60 assentos cada.. 360 passagens? 2 carros-motor e mais 4 carros reboque. Para ligações locais e regionais esta será a solução, mas antes será necessário reformar toda a malha ferroviária do país, sucateada após as privatizações envoltas em uma nuvem de suspeitas de corrupção e fraudes, servindo a outros interesses que não os do pais.
Impossível? Claro que não. Vejam por exemplo as recentes manchetes: pedágios subirão 11 %, rodovias serão privatizadas e por ai vai. Qualquer pessoa que tenha inteligência suficiente para distinguir um gato de um submarino sabe o que acontecerá com a Marechal Rondon: os pedágios se multiplicarão, assim como as tarifas. Pobres usuários, que passarão a pagar pedágio, mas não terão a correspondente diminuição no valor do IPVA.
Na prática, pagará duas vezes para um mesmo direito: uma via imposto, e outra via pedágio. Para quem não sabe, esclareço que pagamos pedágio para as empresas concessionárias até quando usamos papel higiênico.
Eu tive um professor, a quem sou muito grato, que uma vez perguntou:
‘Quanto a empresa XXX paga de impostos? ‘um aluno respondeu: ‘cerca de tantos milhões de cruzeiros ‘e o professor completou: ‘ela não paga nem um centavo, quem paga é o consumidor, ou usuário. A empresa apenas separa o que é seu e recolhe a parte do governo.‘ Assim, os custos destes pedágios serão repassados aos passageiros, aumentando ainda mais o preço das passagens. Com mais esse aumento no custo do transporte rodoviário, e outros que virão, chegará a um ponto que tornará o investimento no transporte ferroviário de passageiros economicamente viável, e com a vantagem, caso se aproveitem as estações que, já estão construídas, de se embarcar e desembarcar no centro das cidades. Alem de tudo, o transporte de passageiros por rodovias, está cada vez pior, com paradas e mais paradas, sendo que para isso, o ônibus tem sair da rodovia, entrar nas cidades, parar e depois voltar à rodovia. Uma viagem de coletivo de Penápolis a Araçatuba, não dura menos que duas horas. Isso mesmo, 2 horas para uma viagem de 50 quilômetros, com o motorista acumulando a função de trocador e sem falar na catraca da humilhação, que para mim é uma afronta ao passageiro. Após a infeliz idéia de fazer esta vigem no ‘coletivo’, na qual minha esposa passou mal, devido á demora e a inúmeras paradas (no percurso o motorista por várias vezes foi obrigado a ajudar passageiros a transpor a catraca, por vários motivos, inclusive ajudar mulheres com crianças de colo e lá chegando, ficamos retidos dentro do ônibus por mais de 15 minutos, devido à liberação de um passageiro por vez), fiz uma reclamação junto a ARTESP, inclusive afirmando que duas catracas são no mínimo um despropósito, e obtive como resposta que ‘a catraca eletrônica é um avanço tecnológico’ Sensacional resposta. Tenho dó de quem é obrigado a usar esse serviço diariamente.
Na verdade as agências (todas) reguladoras foram criadas para legitimar abusos.
Nem os antigos trens de passageiros da Noroeste tracionados por Marias-fumaça há 60 anos atrás demoravam tanto e maltratavam tanto aos passageiros.
Um trem pequeno, como as antigas litorinas, faz esse percurso em menos de 40 minutos, sem paradas em praças de pedágio, quebra-molas, semáforos e tráfego urbano. Desta forma, penso que a retirada dos trilhos do centro das cidades é uma temeridade, que pode ser motivo de arrependimento enorme. Vejam que o barril de petróleo já rompeu a barreira dos US$ 100,00. Pena que o Brasil é imediatista, não pensa a longo prazo, e os governos estão sempre apagando incêndio, ou seja, só se toma uma decisão quando a situação é desesperadora e insuportável. O oriente médio esta a beira de uma guerra, alias, já esta em guerra em alguns paises... Nós reclamamos da concorrência de produtos importados, sobretudo chineses, mas garanto que o transporte de um par de sapatos da China ao Brasil, por navio, é mais barato do que o transporte deste mesmo par de sapatos de Franca a Fortaleza por caminhão, por rodovias pedagiadas, com tarifa de 1º mundo e por rodovias não pedagiadas que mais parecem área de testes de mísseis. Assim, vejo a possibilidade do transporte ferroviário de passageiros por 2 motivos principais: O alto e crescente custo do transporte rodoviário, e a perspectiva de um aumento brutal no preço do petróleo e talvez até a falta. Que o Brasil, sempre na contra mão da história, não cometa (mais este) o erro de acabar de vez com a possibilidade da volta dos trens de passageiros de longo e médio percurso. E que alguém chame o síndico.
* Hércules Natal de Oliveira, Contador em Penapolis, por e-mail
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