CADERNOS
VÍDEOS
CLIMA
fale com o DIÁRIO
+55 (18) 3652.4593
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br
ARTIGOS
15/05/2013
A vida humana valendo menos que a mercadoria que produz
O diálogo de Jesus Cristo com o jovem rico, que colocara seu coração no tesouro que acumulou aqui na Terra (Mt 19:16-30), deixa claríssimo o perigo da convivência dos seres humanos com as suas riquezas (Mt 19:23-24). É um rico e maravilhoso ensinamento ajudando-nos entender a que ponto o ser humano, com sua ambição, explora o próximo ao colocar seus lucros acima das preservações das vidas de outros seres humanos. É o que aconteceu no dia 24 de abril, com o dono da fábrica de roupas Tazreen localizada perto de Dacca, em Bangladesh.
A fábrica funcionava num edifício que tinha cinco unidades de confecção de roupas que desabou matando, até o momento em que escrevia este artigo, 1.118 trabalhadores e feriu 2.437, sendo que ainda a brigada estava procurando corpos entre os escombros do edifício. Foi a maior tragédia ocorrida com trabalhadores no continente asiático. A polícia de Bangladesh prendeu 12 pessoas, incluindo o proprietário do edifício e quatro pessoas responsáveis pelas fábricas, por um dia antes terem forçado os trabalhadores a permanecerem no local, apesar das rachaduras constatadas no imóvel e denunciadas pelos trabalhadores.
A triste e famosa foto que ilustra este artigo, tirada por Taslima Akhter, ativista política, mostra o casal morto no acidente, abraçado. A foto deixa indignado qualquer ser humano minimamente defensor da justiça, por mais que essa tragédia tenha acontecido num país muito distante do nosso. Resta-nos perguntar: Quem é esse casal? Qual é a relação entre eles? São casados? Deixaram filhos?
O episódio é mais uma denúncia da brutal exploração da mão de obra na indústria do vestuário no continente asiático, bem como os interesses escusos por trás dessa exploração. Foi preciso este triste episódio para o ministro da Indústria Têxtil determinar o fechamento de 18 fábricas e anunciou uma comissão de investigação para inspecionar as quase 4.500 fábricas têxteis naquele país, temendo que as marcas (grifes) americanas e europeias troquem de fornecedores, de outros países.
É preciso saber que as grandes multinacionais capitalistas que dominam as maiores economias do mundo, são as beneficiárias das indústrias super-exploradoras e ferozes, tão predominante em Bangladesh. Os capitalistas da Índia têm desempenhado um papel importante na manutenção dos interesses políticos que protegem os patrões do vestuário, enquanto os dos EUA e Europa, em especial as grandes cadeias de varejo como a Wal Mart, recebem produtos das fábricas exploradoras do "Terceiro Mundo", formando um vínculo econômico vital na super-exploração dos trabalhadores de Bangladesh.
Conscientes ou não, compramos calças, camisas e outros vestuários, de grifes famosas, e podemos estar consumindo o sangue e o suor de milhões de trabalhadores em Bangladesh e outros países do continente asiático. Tais seres humanos chegam a cumprir jornadas de até 18 horas, ganhando péssimos salários. Uma calça jeans que no Brasil é vendida por R$ 160,00 é adquirida em Bangladesh por não mais que R$ 20,00.
Em termos de solidariedade, penso que os trabalhadores dos EUA, da Índia, do Reino Unido, da França e de todos os países que estão no final da cadeia de consumo, deveriam estabelecer comissões de investigação em suas próprias empresas para assegurar os direitos humanos bem como para que não haja lucro excessivo a partir da exploração do trabalho semi-escravo, e que os sindicatos façam um chamado pela condenação da exploração abusiva de mão de obra barata em Bangladesh.
Karl Marx, na sua crítica à exploração do trabalho pelo capital, nos ensinou o conceito da mais valia. No caso dos trabalhadores de Bangladesh a sua parcela no preço das mercadorias que produz é ínfima. As mercadorias valem mais que suas vidas.
WALTER MIRANDA é Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br
WALTER MIRANDA (*)
- Bandidos de terno e gravata mandaram matar Marielle, vereadora preta e pobre
- Música Sertaneja: Helena Meirelles
- Analisando as finanças da Prefeitura Municipal de Penápolis
- Música Sertaneja: Criolo e Seresteiro
- Habeas corpus e seus efeitos jurídicos
- Descriminalização das drogas: Poderes em rota de colisão
- Malaquias não é o nome do profeta
- Como acabar com a estupidez?
- Vínculo empregatício entre motoristas e a Uber?
- Excesso de telas: o inimigo nº 1 das escolas! Um alerta às famílias
- Refletindo sobre o combate da dengue no Brasil
- Música Sertaneja: Zé Tapera e Teodoro
- Interdição: uma reflexão profunda sobre limitações e responsabilidades
Imagens da semana
© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.