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13/09/2011
Penápolis dá adeus à pátria
A independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes do nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitos perderam a vida na luta por este ideal. Um, dentre os mais famosos mártires dessa luta pela independência foi Tiradentes, executado pela coroa Portuguesa no processo da Inconfidência Mineira.
Parte dessa história lembra o Dia do Fico, 9 de Janeiro de 1.822, quando D. Pedro I recebeu a carta das cortes de Lisboa exigindo seu retorno para Portugal. Recusando-se a cumprir essa ordem e defendendo o país da saga da recolonização, proferiu, às margens do riacho do Ipiranga, a memorável frase... “ Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”.
As ameaças das cortes de Lisboa pesavam sobre as medidas tomadas por D. Pedro I preparando o país para sua independência, quando, em 7 de Setembro de 1.822, após receber nova carta de Portugal anulando a Assembléia Constituinte e obrigando-o a retornar para a metrópole, novamente, próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou: “ Independência ou morte”.
Logo após o Grito da Independência foi criado o Hino da Independência, cujo refrão diz: “Brava gente brasileira/longe vá ... temor servil/ ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil”.
Desconsiderando reflexões de fortes nebulosidades históricas que envolvem estes fatos, e embalado pelo sentimento de liberdade, o povo brasileiro adotou a data de 7 de Setembro para comemorar este fato histórico.
Penápolis, palco de tantas demonstrações cívicas, foi, pelo seu povo altaneiro, uma das cidades que outrora mais se destacaram nas comemorações do dia 7 de Setembro. Colégios tradicionais como Educandário Coração de Maria, Instituto de Educação Carlos Sampaio Filho, Oceu, Grupos Escolares, Tiro de Guerra e instituições convidadas, desfilavam com suas fanfarras e bandas pela Avenida Luiz Osório até a Praça Dr. Carlos Sampaio Filho, encerrando, frente as escadarias do forum penapolense, com a cerimônia de hasteamento de bandeiras e toques de bandas marciais.
Ponto culminante era quando, acomodados em um palanque cuidadosamente montado, patrioticamente misturavam-se juizes, promotores, prefeito, delegado, vereadores e outras autoridades civis, militares e religiosas, aguardando o pronunciamento dos oradores, que de todos, sem demérito dos demais, lembramos os memoráveis discursos, gramaticalmente corretos, do saudoso professor e advogado Dr. Bráulio Sammarco, que discorria sobre a importância daquela data . Dr. Bráulio juntava esparsos fatos históricos da nação brasileira e da terra de Maria Chica, prendendo a atenção de todos, que permaneciam envoltos no relato e no silêncio, como fosse uma aula de história em sala ginasial.
Tantos outros falavam; todos enlevados pelo mesmo e profundo patriotismo.
Após as homenagens, o povo voltava para suas casas. Jovens estudantes, descontraídos agora, tiravam sons de seus instrumentos, ensaiavam perdidas notas musicais misturadas ao repique de caixas de guerra e batidas de surdos, caminhando lentamente para suas escolas, de onde se dispersavam com o sentimento do dever cívico cumprido.
Assim era no passado. Hoje, neste 7 de Setembro percebi que tudo está mudado. A Pátria é a mesma, porém o espírito de patriotismo está desaparecendo pela globalização dos costumes e a distancia do tempo que nos separa dos heróis e mártires da história da Independência.
As escolas, o poder público, os militares e até mesmo o próprio povo, vão ficando alheios e insensíveis ao chamamento da pátria. E a data da Independência do Brasil pouco significa para todos.
Como prova disso, no passado dia 4 de Setembro, portanto tres dias antes de 7 de Setembro, data comemorativa da Independência, aconteceu na Praça Dr. Carlos Sampaio Filho, próximo da fonte luminosa, na parte da manhã, uma concentração de aproximadamente cinqüenta pessoas; onde estavam o prefeito e alguns convidados, além de um pelotão de atiradores do Tiro de Guerra. Feita a leitura por um atirador, de um texto sobre o significado do 7 de Setembro, a fanfarra tocou um hino patriótico; algumas palavras foram proferidas e logo após o grupo se dispersou.
Fiquei sem saber o significado daquela comemoração extemporânea e pouco participativa. Algo estranho mesmo; num domingo, três dias antes da data historicamente comemorada de 7 de
Setembro; sem a participação de outras autoridades; sem a presença de escolas, fanfarras e bandas, e mesmo da corporação completa do Tiro de Guerra!!!
Pois bem, passados três dias; agora sim 7 de Setembro, a cidade estava em silêncio. Nada de palanque montado, nada de som de cornetas, caixas de guerra, surdos e marimbas. Nada de estudantes e Tiro de Guerra nas ruas; nada de placas e faixas isolando o trecho por onde deveriam desfilar as escolas. Nada do povo, dos carrinhos de pipoca, dos balões, sorvetes e bijus; nada.
Pensei então no sacrifício de tantas vidas que tombaram no caminho da luta pela liberdade; na grandeza de nossa pátria; nos homens e mulheres que escreveram a historia de nossa cidade; das escolas de nossos filhos; da construção desse patrimônio de dignidade humana que é o povo penapolense, e tristemente concluí que as coisas mudaram.
O que vi naquele dia 4 de Setembro, na Praça Dr. Carlos Sampaio Filho, não era nada estranho para os dias de hoje. Pois, enquanto cidades vizinhas comemoravam festivamente o dia 07 de Setembro, nossas autoridades, imersas em compromissos familiares e de lazer, certamente para aproveitar a semana do feriado de 7 de Setembro, Dia da Pátria, estavam apenas reescrevendo a história do Brasil.
(*) Areonth de Assumpção Rosa, Penápolis/SP
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